domingo, 25 de outubro de 2009

Scorn

Acordou pensando que ridículo era na verdade o seu extremado senso de ridículo.
Não mais conseguia considerar ridículas aquelas pessoas que se atreveram a escrever livros, dar aulas e fazer palestras sem se intimidar com a limitação de seus conhecimentos.
Deu-se conta que os anos se passaram enquanto ela perdeu tempo constrangendo-se pelos outros, dizendo a si mesma que não teria coragem de se expor assim.

Ridícula.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Sintonia

Não vai mais ignorar os sinais que lampejam em sua mente.

Há anos, durante alguns dias, pensava com insistência na amiga de juventude. E que há tanto tempo não via. Mas, deixava passar -como deixamos passar tantas coisas!

Numa dessas brincadeiras do destino, o acaso promoveu o reencontro.

Abraçaram-se sabendo que o tempo e a distância sempre perderiam pra afinidade entre elas.

Café e docinhos testemunharam relatos pungentes da amiga, castigada, mas firme e forte, abraçada ao alento espiritual do kardecismo - como quem agarra a tábua que a impede de afogar-se num mar de lágrimas.

Despiram suas almas.

Despediram-se.

Nela restou um sabor amargo. Deveria ter ouvido os pensamentos recorrentes. A amiga surgia silenciosa em sua mente. Agora, sabia: era nada menos que um grito de socorro.