sábado, 3 de dezembro de 2011

Menos é mais *

Li há tempos atrás que "Menos é Mais" era nome de movimento que começava a surgir na Europa e América em favor do consumo responsável. Não li mais nada sobre, mas achei o nome perfeito para o que busco aplicar em minha vida. E me surpreendo com reações de espanto que causo até em algumas pessoas muito queridas, que não se conformam quando vc, tendo condições financeiras, não compra uma TV LCD ou um carro de padrão mais elevado.

Não consigo me encaixar no tal padrão que impõe que mulher tem que ser louca por bolsas e sapatos. Causo inveja quando digo que meu marido tem que insistir muito pra me presentear. Outro dia chegou com um par de tênis novos pra mim. Agradeci, que não sou mal-educada, mas não consigo entender a razão de usar modelos diversos pras caminhadas. E trocar a bolsa dá um trabalho!

Não sei se a formação política marxista-leninista me fez ser chegada a um uniforme, não usar maquiagem, ser alérgica a bijuterias e a detestar (pra mim) visuais amados pelas chamadas peruas ou piriguetes. Nada contra.

Não sei se as dificuldades financeiras da adolescência marcaram tanto assim.

Só sei, do pouco que acho que sei, que, nos dias de hoje, até em nome da salvação do planeta, menos É mais! Vamos tentar ser menos seduzidos pela propaganda subliminar que insiste que "uma comprinha cura uma depressãozinha". Ou por aquela máxima da consumista: "Eu mereço me presentear".

Também não tema: o mercado não irá sucumbir nem o capitalismo acabar se vc se controlar um pouquinho e pensar que o prazer de um bom filme ou de conhecer uma nova cidade é mais duradouro que o frisson que a vigésima primeira sandália com salto de cordas te causou.

Não bastassem convicções tão sedimentadas dentro de mim, observo a infelicidade de novos ricos, sorrisos forçados, que não duram mais que algumas horas, estampados em fotos exibicionistas no Facebook, vestindo brilhos em si e em seus filhos. Brilho que há muito sumiu de seus olhos.

* Me inspiraram sábias colocações de defesa ambiental do defensor público Wagner De La Torre e artigo de Adriana Setti, na Época, a respeito do comportamento da classe média alta em relação aos supérfluos.