quinta-feira, 18 de setembro de 2008

O peso do cheiro

Não esperava ter de ir ao cemitério naquele dia (e quem espera?). Tem hora que é compromisso. Ficou meia hora olhando a expressão "ainda bem que não é comigo" de muitos que por lá transitavam. Voltou pra casa. Ouviu a TV berrar sobre a queda da bolsa. Deu de ombros. Aquilo também não era com ela - conservadora de investimentos, só confia na poupança. De pijamas, deitou na cama gostosa. Mas, que nada. Rola pra lá e pra cá.
De madrugada, tomou uma ducha pra tentar tirar do corpo o cheiro que a impedia de dormir. Toalha felpuda. Um creme hidratante.

Viu o dia clarear com as narinas ainda inundadas pelas flores murchas do velório.