sábado, 2 de janeiro de 2010

Novo ano

Queria tanto ter abraçado aquele cão de olhar pedinte que apareceu na sua porta.
Queria tanto ter distribuído entre os garis que desfilavam na sua rua os chocolates que devorava na caixa embrulhada de papel celofane.
Queria tanto ficar surda aos lamentos e impropérios que a mãe vociferava em plena véspera de Ano Novo.
Estava uma tensão só.
Cumpriu o ritual das sete ondas, mas desta vez não sentira a euforia de anos anteriores.
Mas abençoou-a a chuva na volta da praia, que pela primeira vez em décadas caiu sobre o séquito de homens e mulheres de branco.
Finalmente relaxou todos os músculos.

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